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segunda-feira, 31 de agosto de 2015
quarta-feira, 26 de agosto de 2015
segunda-feira, 24 de agosto de 2015
quinta-feira, 20 de agosto de 2015
Etnografia do Nordeste de Trás-os-Montes
Enquadramento da Região
Terra Fria Transmontana – Concelhos
de Vinhais, Bragança, Vimioso, Miranda do Douro e parte do concelho de
Mogadouro.
Culturalmente grande parte desta zona está incluída na área de influência
da língua Ásturo-leonesa falada em Portugal, ou seja, o Mirandês (nos concelhos
de Miranda e algumas aldeias do concelho de Vimioso) e outras variedades do
mesmo Asturo-leonês, como o Riodonorês, o Guadramilês, os dialectos de Deilão e
Petisqueira (Concelho de Bragança). Existem também outras áreas no Nordeste
Transmontano em que o Português é influenciado pela língua Ásturo-leonesa.
Breve História da Região
Em 297 d.C. dá-se a definitiva
divisão administrativa da Península Ibérica.
Grande parte da denominada Terra
Fria Transmontana, sobretudo a zona ocupada pela antiga Terra de Miranda (muito maior que o actual concelho de Miranda,
incluindo à época o concelho Miranda do Douro, grande parte do concelho de
Bragança e concelhos de Vimioso e Mogadouro)
no nordeste Transmontano, ficou a pertencer ao Conventus Iuridicus de Asturica Augusta (Astorga – Leão) e não ao
de Bracara Augusta (Braga – Portugal).
Assim, a zona da antiga Terra de Miranda não pertenceu desde o
início ao território posteriormente ocupado pelo Condado Portucalense, daí que por exemplo a língua aí falada não
pertencesse ao sistema Galego-Português (a que pertence a língua Portuguesa) mas
sim ao sistema Asturo-leonês (a que pertencem a língua Asturiana e os
falares antigos da província de Zamora e Leão em Espanha).
Entre o séc. VII/VIII e XII a
Terra de Miranda pertenceu à Diocese de
Astorga - Leão/Espanha – apesar de já fazer parte de Portugal
As Inquirições de Affonso III
informam-nos de que a Terra de Miranda, entre os sécs. XII e XIV, foi recolonizada com gentes oriundas das
terras de Leão em Espanha; recolonização essa, em que o papel primordial foi desempenhado pelos mosteiros cistercienses de Sta.
Maria de Moreruela (Zamora/Espanha) e de S. Martinho de Castanheda
(Zamora/Espanha), assim como pelo Mosteiro de Castro de Avelãs de Bragança (afiliado ao de S. M. de Castanheda), pela Ordem dos Templários de Alcanhices
(Zamora/Espanha) e vários
particulares.
Esta
colonização, realizada numa região ainda hoje de baixa densidade populacional
(39) e então decerto pouco menos de deserta, estendeu-se desde o princípio do
século XIII até ao século XV, como admitiram o Abade de Baçal e Leite de
Vasconcelos (40) – tempo mais que suficiente, se não para o estabelecimento,
pelo menos para a fixação do dialecto leonês e cultura afim em terras já
politicamente portuguesas.
Tudo isto ajudou a que esta zona mantivesse, num período assaz
importante para a história da língua Portuguesa, relações privilegiadas com as
terras do antigo Reino de Leão e que a
língua leonesa ocidental, idioma
originário do Conventus de Asturica Augusta, se fosse reciclando em terras
portuguesas, pelo menos, até ao séc. XIV.
Além da
divisão dos reinos de Portugal e Leão em 1143 e do estabelecimento das
fronteiras no tratado de Alcañices (1297), manteve-se uma unidade social e
cultural com as regiões espanholas da Sanábria, Aliste e Sayago
(Zamora): um dialecto parente, as mesmas canções e melodias, a utilização de
instrumentos parecidos e uma raiz comum dos costumes festivos.
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